Significado de lógica, lógica dedutiva, indutiva, hipotético dedutiva e abdutiva.

Lógica: 

                “Ciência que estuda as leis do raciociocínio e as condições de verdade em vários domínios do conhecimento.” (Enciclopédia Barsa)


Lógica dedutiva:

            O conhecimento científico procura conhecer, além do fenômeno observado, utilizando- se da razão como caminho para chegar à certeza sobre a verdade do fenômeno investigado. Essa prerrogativa de certeza dada pela razão enquanto princípio absoluto do conhecimento originou-se na obra O discurso do método de René Descartes, que instituiu a dedução como caminho para o conhecimento.
O método dedutivo parte das teorias e leis consideradas gerais e universais buscando explicar a ocorrência de fenômenos particulares. O exercício metódico da dedução parte de enunciados gerais (leis universais) que supostos constituem as premissas do pensamento racional e deduzidas chegam a conclusões. O exercício do pensamento pela razão cria uma operação na qual são formuladas premissas e as regras de conclusão que se denominam demonstração. (DINIZ e SILVA, 2008, p. 6)
_______________________________________________________________
           
O método nomológico-dedutivo [...], expressa uma concepção formal da explicação científica em linguagem natural (Popper, 1959, 1972; Braithwaite 1953, Gardiner,1959; Nagel 1961; Hempel, 1965, 1975 e Hempel & Oppenheim, 1948). Nessa linguagem, as explicações científicas são concebidas como argumentos dedutivos que possuem pelo menos um enunciado de lei natural em suas premissas.” (Rede São Paulo de Formação Docente, 2011, p. 23)
_______________________________________________________________

Hempbel (1975, p. 160) apud Rede São Paulo de Formação Docente (2008, p. 23): “Uma explicação, no sentido que nos interessa aqui, é basicamente uma resposta à pergunta sobre como certo acontecimento se deu ou sobre o porquê de certo estado de coisas. Perguntas dessa espécie respondem-se, frequentemente, em termos causais. Pode-se, dessa maneira, explicar que a dilatação de um fio de cobre foi causada pela elevação de sua temperatura; ou que o súbito desvio do ponteiro de uma bússola foi causado pela mudança da corrente elétrica em circuito próximo; ou que a lua mantém seu movimento orbital em torno da terra por causa da atração gravitacional que terra e lua exercem uma sobre outra.”

           
Lógica indutiva:

O conceito de indução possui vários sentidos, mas, para nossos propósitos, ressaltaremos dois deles:

1. um sentido comum, segundo o qual a indução é um tipo de inferência que produz generalizações a partir de casos particulares;
2. um sentido mais restrito, que envolve uma forma de verificação de uma lei geral já formulada.
No sentido amplo (1), a indução é utilizada, por exemplo, quando raciocinamos por analogia, ou quando fazemos previsões a partir de casos particulares, ou, ainda, quando especulamos a respeito das causas de um evento na tentativa de detectar regularidades que nos permitam postular leis gerais. Nesse sentido comum, a indução está presente no raciocínio utilizado quando a sua conclusão ultrapassa os limites das premissas iniciais.
No caso (2), já dispomos de uma lei geral e raciocinamos fazendo previsões que a corroborem. Quando isso não ocorre, e uma lei geral é falseada, temos uma anomalia; neste caso, como veremos, o raciocínio abdutivo poderá ser empregado na tentativa de detectar regularidades e propor uma nova lei explicativa da aparente anomalia em questão. (Rede São Paulo de Formação docente, 2011, p. 25)
_______________________________________________________________

O exercício do método indutivo requer alguns procedimentos por parte do pesquisador quais:
Ø  observação sistemática dos fenômenos;
Ø  elaboração de classificações a partir da descoberta de relação entre os fenômenos observados;
Ø  verificação das hipóteses por meios de experimentações e testes;
Ø  construção de generalizações, a partir dos resultados experimentados e testados,
Ø  servindo como explicação para outros estudos que apresentem casos similares;
Ø  confirmação das hipóteses para se estabelecer as leis gerais sobre os fenômenos investigados.
Conforme Ferreira (1998), o método indutivo define suas regras e etapas a partir de dois pressupostos que se sustentam na idéia da existência de um determinismo nas leis observadas na natureza, são eles:
v  determinadas causas produzem sempre os mesmos efeitos, sob as mesmas circunstâncias e determinações;
v  a verdade observada em situações investigadas, torna-se verdade para todo situação universal correspondente.” (DINIZ e SILVA, 2008, p. 3-4)


Lógica abdutiva:

            “O raciocínio abdutivo, tal como originalmente caracterizado por Peirce (1931-1958), constitui um modo de inferência sobre o qual se estrutura o raciocínio criativo. Em contraste com os raciocínios dedutivo e indutivo (que, como vimos, constituem modalidades de justificação, mas não de ampliação, do conhecimento), o raciocínio abdutivo propicia a formulação de novas hipóteses explicativas. Ele se inicia com a percepção de anomalias ou de problemas aparentemente insolúveis segundo leis gerais conhecidas. Surpresas e dúvidas iniciam um processo de busca e geração de hipóteses que, se consideradas verdadeiras, poderiam explicar o problema aparentemente anômalo.”
            “Na perspectiva da lógica da descoberta proposta por Peirce e Hanson, o processo de geração de hipóteses explicativas oscila entre crenças, alicerçadas em leis gerais bem estabelecidas, e dúvidas ou surpresas que as abalam. As surpresas, segundo Peirce, podem ser ativas ou passivas. As primeiras ocorrem (...) quando aquilo que se percebe conflita positivamente com as expectativas; as surpresas passivas ocorrem (...) quando, não havendo nenhuma expectativa positiva (...), algo inesperado acontece, tal como um eclipse total do sol que não havia sido previsto. (Collected Papers, volume 8, §315)”

Lógica hipotético-dedutiva:

            O método hipotético-dedutivo surge de uma crítica profunda ao indutivismo metodológico. Esse método pressupõe o uso de inferências dedutivas como teste de hipóteses. Karl Popper (apud FERREIRA, 1998) propõe como caminho para essa trajetória metodológica o cumprimento das seguintes etapas:
ü  expectativas e teorias existentes;
ü  formulação de problemas em torno de questões teóricas e empíricas;
ü  solução proposta, consistindo numa conjectura; dedução das conseqüências na forma de proposições passíveis de teste sobre os fenômenos investigados;
ü  teste de falseamento: tentativas de refutação, entre outros meios, pela observação e experimentação das hipóteses criadas sobre o(s) problema(s) investigado(s).
A partir dessas etapas que envolvem a relação entre pesquisador e objeto do conhecimento, deduz-se encaminhamentos metodológicos da pesquisa.
[...] As hipóteses tornam-se as “supostas verdades” ou “meias verdades”, sobre os fenômenos que foram problematizados enquanto objeto de estudo científico, dadas à verificação por meio de experimentações e testes. Compreende-se que esse método pressupõe as bases teóricas dedutíveis a fenômenos particulares que refutarão ou corroborarão com a teoria em teste. Nesse caso, “a observação é precedida de um problema, de uma hipótese, enfim, de algo teórico”, conforme Lakatos; Marconi (op.cit, 2000, p. 75). Esse método vem contribuir a criação de novos pressupostos teóricos para pesquisa científica. (DINIZ e SILVA, 2008, p. 9)

REFERÊNCIAS

DINIZ, C. R.; SILVA, I. B. Tipos de métodos e sua aplicação. Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008. 24f. 

Enciclopédia Barsa Universal, 3a ed. Editorial Planeta, S.A., 2010

Rede São Paulo de Formação Docente. Cursos de Especialização para o quadro do Magistério da SEESP Ensino Fundamental II e Ensino Médio. São Paulo: UNESP. 2011. 54f.

Nenhum comentário:

Postar um comentário